Resumo II Memórias de um Sargento de Milícias

Resumo do Livro Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida.

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Resumo II Memórias de um Sargento de Milícias
Memórias de um Sargento de Milícias

Resumo de livro
Memórias de um Sargento de Milícias
 
A obra conta as aventuras de Leonardo ou Leonardinho, filho ilegítimo dos portugueses Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça. Como os pais não desejassem criá-lo, Leonardo fica por con­ta de seu padrinho (um barbeiro) e de sua madrinha (uma parteira), após a separação dos de seus progenitores.

Sempre metido em travessuras, desde cedo Leonardo mostra-se um grande malandro. Já moço, apaixona-se por Luisinha, mas põe o romance a perder quando se envolve com a mulata Vidinha. A primeira decide, então, casar-se com outro.

Tempos depois, Leonardo é preso pelo Major Vidigal, enfrenta diversos problemas, mas acaba sargento de milícias. Quando da viuvez de Luisinha, reaproxima-se da moça. Os dois casam-se e Leonardo é reabilitado. 

Primeira Parte · 

Capítulo I
Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça embarcam para o Brasil. Entre pisadelas e beliscões os dois jovens portugueses enamoram-se, envolvem-se e da união, nasce Leonar­dinho, o protagonista do romance, se­te meses mais tarde. É, estranhamente, um me­ni­no gordo e grande, apesar de ter nascido tão cedo. A parteira e o barbeiro são seus padrinhos de batismo.

·  Capítulo II
Leonardo Pataca descobre-se traído por Maria e surra a mulher. O amante que estava com ela desaparece. Leonardinho rasga uns documentos que o pai esquecera sobre a mesa. O pai dá-lhe um pontapé que o manda longe. O menino vai viver com o padrinho. Maria da Hortaliça já não se encontra com o marido, pois fugira para Portugal com o capitão de um navio.

·  Capítulo III
O padrinho protege Leonardo. A madrinha cobra energia do barbeiro. Acha que Leonardo precisa ser castigado, já que é levado demais. O padrinho quer o afilhado padre, pois anda apreensivo com o futuro do pequeno.

·  Capítulo IV
Apaixonado por uma cigana que não o quer, Leonardo Pataca acaba preso, por recorrer a bruxarias, a fim de conquistá-la. Quem o prende é o Major Vidigal.

·  Capítulo V
O narrador fala de Vidigal, um homem temido e influente, apesar de parecer mole e lento. Ele é cruel com os que não trabalham e não tem piedade dos criminosos. Todos os que participavam da cerimônia de feitiçaria com Leonardo são chicoteados, para que dancem, até que não mais agüentem. Leonardo Pataca acaba na cadeia.

·  Capítulo VI
A comadre consegue libertar Leonardo Pataca. Leonardinho dorme em um acampamento cigano depois de seguir a procissão.

·  Capítulo VII
Fala da comadre, de seus momentos de esperteza e dos de inocência, da profissão de parteira, de suas benzedeiras, cochichos e rezas.

·  Capítulo VIII
A Comadre pedira a um tenente-coronel seu conhecido que conseguisse do rei algum benefício para Leonardo Pataca.

·  Capítulo IX
Conta-se a história do padrinho, que se apossou das economias de um capitão, às portas da morte, ao invés de entregá-las à filha do falecido, conforme prometera. O dinheiro proporciona-lhe uma vida boa e confortável.

·  Capítulo X
Leonardo fora libertado, porque o tenente-coronel tinha um filho que seduzira Maria da Hortaliça em Portugal, deflorando-a e abandonando-a, em tempos passados, e ajudar Pataca foi uma forma de pagar pelo mal cometido pelo filho.

·  Capítulo XI
Leonardinho não tem vocação para padre e é lerdo para aprender. O padrinho preocupa-se por ele. A vizinha briga com o petiz, que a imita. O padrinho que já discutira com ela, por causa da desavença com o pequeno, diverte-se com a imitação feita.

·  Capítulo XII
Na escola, Leonardinho é punido constantemente com a palmatória, pois só faz travessuras. Termina aban­donando os estudos, depois de muito fugir da escola.

·  Capítulo XIII
Leonardinho fica amigo de um garoto que é coroinha e diz ao padrinho que também gostaria de servir na Igreja, como o outro. Em verdade, por ser malandro demais e não gostar dos estudos, o menino pretende encontrar um meio de fazer mais peraltices. Como o barbeiro tem vontade que o pequeno siga a carreira sacerdotal, imagina que será bom que ele comece a conviver no meio eclesiástico. Sabe que, apesar de tê-lo feito freqüentar a escola novamente, o afilhado não se empenha e vive fugindo das aulas. Os meninos, que se tornaram amigos em uma das fugas de Leonardinho, vingam-se da vizinha com a qual o padrinho brigara, jogando fumaça de insenso em seu rosto e também lhe entornando um pouco de cera na mantilha que estava usando.

·  Capítulo XIV
A cigana com a qual Leonardo Pataca se havia envolvido é amante de um padre que exerce a função de mestre de cerimônias da Igreja da Sé. Ele deverá proferir o sermão, por ocasião de uma festa que ocorrerá na igreja em questão. Um capuchinho italiano toma-lhe o lugar no púlpito, quando o padre se atrasa para a cerimônia. Em realidade, o grande responsável pelo problema é Leonardinho, que lhe informa o horário do acontecimento com uma hora de diferença do que deveria ser. Acaba sendo mandado embora, pelo que fez.

·  Capítulo XV
Chico-Juca é contratado para comparecer a uma reunião festiva que ocorrerá na casa da cigana da qual Pataca gosta. É a forma que o pai de Leonardinho arranja, para se vingar dela e do padre com o qual se envolvera. Não satisfeito com o que já programara, Pataca complementa sua vingança, avisando o Major Vidigal do que está ocorrendo. O padre vai parar na cadeia, para a satisfação de Leonardo.

·  Capítulo XVI
As coisas encaminham-se muito mal para o padre flagrado pelo Major. Arrependido e humilhado, ele toma a decisão de deixar a amante cigana. Mesmo desa­gradando a comadre, que tanto o aju­dara, Leonardo Pataca retoma o relacionamento com a traidora e é recriminado por sua atitude. Cho­cada, a comadre o repreende.

·  Capítulo XVII
A gorda D.Maria simpatiza com Leonardinho. Ela aprecia demais as demandas ou ações judiciais. Quando acontece a procissão recebe o Compadre, em sua casa, além do afilhado. Também estão lá a Comadre e a vizinha, que tem a saia pisada pelo pequeno peralta, enquanto todos falam a respeito das traquinagens que ele faz o tempo todo. Leo­nardinho rasga a saia da mulher e continua a centralizar o assunto da conversa, já que trocam idéi­as sobre seu futuro. Para a velha senhora dona da casa, em toda a sua bondade e amor pelos me­nos afortunados, o menino deve-se tornar um “procurador de causas”, pois seria o melhor para ele.

·  Capítulo XVIII
Mais velho, Leonardo Pataca junta-se a Chiquinha, filha da Comadre, com quem acabará tendo uma filha. Quanto a Leonardinho, torna-se, segundo o narrador, um “vadio-mestre”, um “vadio-tipo”. Vão por água abaixo os planos feitos para ele pelo com­padre, pois não se torna padre. Tão pouco segue os desejos da Comadre ou de Dona Maria. Sem trabalho, sem preocupações, leva a vida aven­tureira que lhe é tremendamente agradável. Faz visitas a D. Maria, acompanhando o padrinho.

A velha senhora vencera mais uma de suas demandas, tornando-se tutora de uma sobrinha órfã chamada Luisinha. A moça veio da roça e é uma pessoa de­sen­­gonçada, alta e magricela. Sua herança havia sido de mil cruzados. Leonardinho tem dificuldade em controlar o riso, quando a conhece, em um longo ves­tido de chita roxa, muito deselegante. E sempre se ri, quando se lembra dela. E sempre se lembra dela.

·  Capítulo XIX
Leonardinho e Luisinha aproximam-se grada­tivamente e o amor entre eles começa a brotar.

·  Capítulo XX
Depois que acontece a Festa do Divino, o casal torna-se mais unido e íntimo, fortalecendo os sen­timentos que nutrem um pelo outro.

·  Capítulo XXI
Visitando D. Maria, padrinho e afilhado vêem-se diante do Sr. José Manuel, um velhaco de primeira, que adula a velha, para conseguir chegar até Luisinha. Suas pretensões visam à herança que a moça deverá receber com a morte de D.Maria, já que será a única beneficiária da tutora. ·  Capítulo XXII
A Comadre une-se ao Compadre, a fim de traçarem seus planos, para desarmar a tramóia de José Manuel e auxiliar o afilhado.

·  Capítulo XXIII
Leonardinho já se apercebeu das intenções de José Manuel e sente vontade de cortar-lhe o pescoço com uma navalha do Compadre. Seu padrinho, entretanto, aconselha-o e procura acalmar-lhe os ciúmes. O rapaz, muito desajeitado, consegue se de­clarar a Luisinha, após idas e vindas bastante cômicas, tremores e dúvidas, risos nervosos e um extremo desgaste. 

Segunda parte

·  Capítulo I
Leonardo Pataca, pai de Leonardinho, tem uma filha com Chiquinha e a Comadre responsabiliza-se em fazer o parto. A menina será tranqüila e risonha, o avesso do irmão.

·  Capítulo II
A Comadre, como excelente fuxiqueira que é, leva ao conhecimento de D.Maria histórias que se contam sobre uma determinada ocorrência policial bastante comentada naquele tempo. Diz que ficou sabendo que José Manuel havia sido responsável pelo roubo de uma jovem e de uma bolsa com di­nheiro. Facilitam-se os planos feitos por ela , o Com­padre e o afilhado, tendo em vista que José Manuel se desvaloriza demais, perante Dona Maria, que é uma mulher honesta e não suporta falta de caráter.

·  Capítulo III
José Manuel não desiste de Luisinha, apesar dos pesares. Deseja saber quem o intrigou com D. Ma­ria.

·  Capítulo IV
O Mestre de Rezas é cego e tem fama de ser um bom arranjador de casamentos. Ajuda José Manuel a se aproximar de Luisinha e procura descobrir quem falara mal do rapaz para D.Maria.

·  Capítulo V
Com a morte do padrinho, Leonardinho torna-se seu único herdeiro. Leonardo Pataca sabe disso, por intermédio da Comadre, e prontifica-se a tomar conta do filho, por puro interesse. O rapaz não consegue esquecer o pontapé que o pai, um dia, lhe dera. Não o agrada viver com um homem que vira tão poucas vezes. Sem opção, porém, acaba indo morar com o pai, Chiquinha e a irmãzinha.

·  Capítulo VI
Apesar de ter herdado “um bom par de mil cruzados”, Leonardinho acaba escurraçado da casa do pai, que o persegue com um espadim em punho, em mais um dia de brigas entre o moço e Chiquinha, a mulher do pai. Tudo acontece, porque Leonardinho não vê Luisinha na casa de D.Maria, quando vai até lá e, por este motivo, irrita-se.

·  Capítulo VII
Leonardinho conhece Vidinha, mulata que gosta de tocar viola e cantar suas modinhas, quando reencontra um ex-sacristão seu amigo, que o chama para fazer com­panhia a ele e ao bando de amigos que o segue naquela ocasião. Agrada-o ouvir Vidinha, com seus dentes brancos e os lábios umedecidos, cantar entre eles. Tomás da Sé leva-o para a casa na qual também vive Vidinha e Leonardinho ali per­manece, ligando-se à moça.

·  Capítulo VIII
As viúvas e seus filhos vivem na mesma casa. Leonardinho passa a conviver com a família. Vidinha é uma das três moças que lá moram. Além delas, existem três rapazes. Os moços são funcionários da estrada de ferro. A idade dos jovens todos está por volta dos vinte anos.

·  Capítulo IX
José Manuel procura desfazer a má impressão que as intrigas haviam deixado em D.Maria a respeito dele. A madrinha procura o afilhado, sem conseguir encontrá-lo em lugar algum. Quando vai até a casa de D.Maria, leva uma reprimenda, por tudo o que dissera a respeito de José Manuel, já que o pre­tendente de Luisinha conseguira livrar-se das acu­sações, auxiliado pelo Mestre de Rezas. A Comadre pede desculpas a D.Maria, já que não tem meios de aju­dar Leonardinho naquele momento.

·  Capítulo X
Vidinha é o pomo da discórdia em sua casa, pois desperta o interesse do primo e também o de Leonardinho. Acontece uma briga e o rapaz deseja partir. As viúvas e Vidinha estão a favor dele.É convencido a permanecer com a família. A Comadre consegue achá-lo logo após a briga.

·  Capítulo XI
A Comadre e as viúvas conversam. Leonardinho fica. Quando está em um piquenique, divertindo-se, acaba prisioneiro do Major Vidigal, por vadiagem.

·  Capítulo XII
José Manuel ganha uma das demandas para D.Maria e, desta forma, consegue o sim da velha senhora, ao seu pedido de casamento. Luisinha está bastante aca­brunhada com o desaparecimento de Leonar­dinho, que não mais a procurara. Sem qualquer entusiasmo, aceita casar-se. O noivo vive a fazer os cálculos de quanto irá lucrar com o enlace. Casam-se os noivos e é feita uma grande festa.

·  Capítulo XIII
O Major Vidigal acaba desmoralizado, pois Leonar­dinho serve-se de uma agitação que ocorria na rua por onde passava aprisionado e foge. Volta para a casa da mulata Vidinha. Como jamais nenhum safado lhe escapara e por não estar acostumado com falta de respeito, Vidigal irrita-se como nunca e procura-o incansavelmente, em companhia dos granadeiros.

·  Capítulo XIV
Encontrar o fujão é uma questão de honra para o Major. Quer se vingar, pois não aceita ter sido alvo de chacotas. A Comadre, por sua vez, implora a Vidigal pelo afilhado, sem saber que ele já não está mais na prisão. Chega a chorar, ficando de joelhos, mas riem de sua atitude.

·  Capítulo XV
Sabendo que o afilhado está em liberdade e desejando salvá-lo da ira do Major Vidigal, a Comadre vai até a casa ds viúvas, passa uma descompostura em Leonardinho e exige que ele comece a trabalhar. Consegue-lhe um emprego na despensa ou ucharia real, local em que estão depositados mantimentos. Para Vidigal, essa é uma notícia ruim, pois seu per­seguido deixa de ser um vadio, não havendo mais motivo para prendê-lo.

Leonardinho, porém, não toma jeito. Rouba provisões da ucharia, levando-as para Vidinha. Envolve-se com a mulher de um dos empregados do Paço Real - o toma-largura -, visi­tando-lhe a mulher, na ausência deste, pois a moça é bela e desperta-lhe o interesse. O toma-largura acaba encontrando o maroto tomando um caldo com sua mulher e, desconfiado, persegue-o. Leo­nardinho acaba na rua, sem emprego.

·  Capítulo XVI
Vidinha, que já andava abandonada pelo moço, acaba sabendo do que acontecera, pois as notícias correm de boca em boca. Movida pelo ciúme e pela raiva, toma satisfações com a mulher do toma-largura e aproveita para fazer desfeita para o pobre coitado. Leonardinho, que seguira a jovem até a ucharia, termina em poder de Vidigal.

·  Capítulo XVII
O toma-largura e a mulher não reagem, ante os desacatos de Vidinha. O homem, ao contrário, interessa-se por ela e procura saber onde mora, depois que ela se vai. Quer conquistá-la, ter uma aventura e vingar-se daquele que o ultrajara.

·  Capítulo XVIII
Ninguém consegue encontrar Leonardinho, que está devidamente oculto por Vidigal. Procuram-no, mas é em vão. Nem na Casa da Guarda pode ser encontrado. A família de Vidinha chega à conclusão de que ele não deseja que o encontrem. Tirada essa conclusão, todos passam a detestá-lo. A Comadre é outra que perde seu tempo inutilmente, pois não consegue achar o afilhado.

Somente quando o Major Vidigal surge, em uma reunião festiva, em que o toma-largura se excede, após beber demais, em com­panhia dos familiares de Vidinha, é que o desa­parecimento de Leonardinho se esclarece. Em realidade, Vidigal fizera-o granadeiro e seu auxiliar, a fim de aproveitar-lhe a sabedoria em malandragem. Como o toma-largura ficasse rondando a casa de Vidinha, a família dela terminou por convidá-lo para par­ticipar de uma “patuscada em Cajueiros”, que foi exa­tamente onde o granadeiro Leonardo deu-lhe ordem de prisão.

  • Capítulo XIX
    Leonardinho, granadeiro do Regimento Novo por ordem de Vidigal, sentara praça assim que saíra da prisão. O Major vê que não se enganara com relação ao moço, pois este se mostra competente em suas funções. No entanto, continua a fazer suas peraltices, o que não lhe permite cumprir completamente com as funções que lhe haviam sido atribuídas.

    ·  Capítulo XX
    Em casa de Leonardo Pataca acontece uma come­moração. Teotônio - jogador, tocador e cantor - está presente, entoando suas melodias. Entretanto, ele irrita o Major Vidigal, ao lhe imitar os trejeitos na presença de todos, despertando-lhes o riso. Vidigal inconforma-se com a brincadeira e dá ordens a Leo­nardinho, para que aprisione o outro. O grana­deiro segue até a casa do pai, para cumprir as ordens recebidas. É acolhido com simpatia e gosta de Teotônio, o que o leva a revelar-lhe a missão que lhe haviam destinado. Ele e Teotônio, então, resolvem tapear o Major Vidigal e, para tanto, traçam um plano adequado.

    ·  Capítulo XXI
    Um amigo desmascara Leonardinho diante de Vidigal, ao cumprimentá-lo pela façanha que tramara com Teotônio. O Major percebe-se enganado e mais uma vez prende o maroto. A madrinha consegue libertá-lo, ao descobrir uma antiga namo­rada do Major, por meio de D.Maria. José Manuel re­ve­la seu verdadeiro caráter, quando chega ao fim a lua-de-mel.

    ·  Capítulo XXII
    Auxiliadas por Maria Regalada, a Comadre e a tia de Luisinha tentam libertar o moço. Regalada e a Comadre procuram obter um relaxamento de prisão para ele. O Major não quer ceder, porém a ex-namorada segreda-lhe, ao ouvido, algo que o faz mudar de idéia, soltar o moço e ainda ajudá-lo no que é possível.

    ·  Capítulo XXIII
    Concluem-se os fatos iniciados no capítulo anterior.

    ·  Capítulo XXIV
    O sargento Leonardo e Luisinha reencontram-se durante o velório de José Manuel, que falecera devido a um ataque do coração, causado por uma demanda que D.Maria havia movido contra ele. Ao rever a moça, Leonardo admira-a e é correspondido nisto.

    ·  Capítulo XXV
    O namoro de ambos é retomado, assim que termina o luto da jovem pelo falecido. Como o granadeiro não pode se casar, por ser um sargento de linha, o casal recorre ao Major, pedindo sua intervenção. Vidigal vive com Maria Regalada, que cumprira o que lhe prometera, para que libertasse Leonardinho anteriormente. É ela, mais uma vez, quem interfere e convence o Major a passar Leonardo de granadeiro a Sargento de Milícias, a fim de que possa se casar com Luisinha. De posse da herança que o padrinho lhe deixara e que o pai, Leonardo Pataca, acabara por devolver-lhe, o moço desposa Luisinha finalmente. Fecha-se o romance, noticiando-se a morte de D.Maria e a de Leonardo Pataca, além de vários acontecimentos tristes, que o narrador diz preferir poupar o leitor de conhecer. 

    Personagens

    ·  Leonardo ou Leonardinho - o anti-herói ou herói picaresco do romance, vadio, malandro, que adora fazer estripulias e criar problemas. Mulherengo, quase perde seu amor, por ser inconsciente. É criado pelo padrinho, já que os pais se separam e não têm paciência para lhe suportar as traquina­gens. Chega a ser preso, torna-se granadeiro e Sargento de Milícias. Casa-se e torna-se assentado.

    ·  Luisinha - moça com a qual Leonardo se casa. Em princípio é desengonçada e estranha, depois melhora. Casa-se com José Manuel, por influência da tia, arran­jando um marido que só deseja seus bens. É órfã. Fica viúva e une-se a Leonardo.

    ·  Vidinha - mulata jovem, bonita e animada, toca viola e canta modinhas. Cativa Leonardo, que vive em sua casa por algum tempo.

    ·  O Compadre - barbeiro de profissão, cria Leonardo, protege-o e acaba deixando-lhe uma herança que surripiou do comandante de um navio.

    ·  A Comadre - defende e acompanha Leonardo em qualquer circunstância. Adora o afilhado.

    ·  D. Maria - doida por uma demanda judicial, ganha a guarda de Luisinha, quando ela perde os pais.

    ·  José Manuel - salafrário e calculista, casa-se com Luisinha por dinheiro e morre.

    ·  Major Vidigal - militar que persegue Leonardo, até conseguir integrá-lo às forças milicianas. Calcado em uma figura real.

    ·  Leonardo Pataca - pai de Leonardo, acaba casado com Chiquinha, depois que abandona o filho com o compadre.

    ·  Maria da Hortaliça - mãe do personagem, portuguesa, trai o Pataca e foge com outro para Portugal.

    Chiquinha - casa-se com Leonardo Pataca. É filha da Comadre.

    ·  Há ainda, o toma-largura, sua esposa, Maria Regalada, as viúvas ... 

    Análise da obra
    Queda da idealização romântica dos perso­nagens, mostrando-nos, inclusive, a figura de um anti-herói como protagonista do enredo.

    Enfoque de época (tempo) diferenciado do ha­­bi­­tualmente apresentado pelos romances ro­mânticos. Fala-se do período da vinda da família real para o Brasil, do tempo em que D.João VI refu­giou-se no Rio de Janeiro, ou seja, do início do sé­culo XIX.

    Apresenta-se a vida suburbana do Rio de Janeiro, os subúrbios cariocas constituem o espaço esti­lizado, em contraste com a vida da corte, que normalmente surge em obras do Romantismo.

    A linguagem é popularesca, coloquial, mais de acordo com pessoas de nível cultural inferior, pertencente a camadas sociais simples.

    Contraste entre posturas moralizantes e atitudes que vão contra os preceitos morais.

    Retrata o grupo dos portugueses que povoam o Rio de Janeiro da época, com seus costumes e peculiaridades.

    Traz, em sua essência, traços carnavalizados, como o contraste entre as propostas de seriedade e ordem e os momentos de completa desorga­nização. Enquadram-se, ainda, como componentes dos referidos traços, a forte presença do humor na obra. O caricatural, o que faz rir, a ironia, misturam-se em um conjunto que retrata o ridículo de diversas situações retratadas.

    Temos uma obra ainda romântica, porém com certo caráter picaresco, herança espanhola que traz à tona uma visão divertida de determinada época.

    Não há o predomínio da linearidade na obra, pois acon­tecem digressões e a quebra do enredo para comentários, explicações.

    Várias tramas desenvolvem-se ao mesmo tempo, sendo Leonardo, o personagem central, responsável por atá-las tornando-se o elo de ligação entre elas, o que permite que seja denominada também de novela.

    Uso da linguagem conotativa ou figurada.

    No final, a vida de Leonardo organiza-se, tudo se encaixa satisfatoriamente, mostrando-nos mais clara­­mente a presença do Romantismo no texto.

    Aparecem diversas explicações sobre a obra na própria obra, o que demonstra o uso da metalin­guagem pelo autor.

    O foco narrativo é em terceira pessoa, com um narrador onisciente, que interfere no texto, faz obser­vações e busca contato com o leitor (tentativa de diálogo).

    Existe dinamismo e ação em todo o decorrer da história.

    Ao final da obra, o que impera é a ordem sobre a desordem, fechando-se o processo de carna­valização.

    Forma-se, no todo, um grande painel do Rio de Ja­nei­ro na época enfocada.

    A crítica social pode ser sentida no desen­volvimento da trama.

    Leonardo foi o precursor de Macunaíma, o qual só surgiria no Modernismo.