Resumo sobre O Problema da Mão de Obra

Trabalho pronto escolar de história sobre O Problema da Mão de Obra.

 22
Resumo sobre O Problema da Mão de Obra

Sem o escravo, não vai dar para realizar a produção. Tem o mulato, mas o cafeicultor se recusa a pagar um salário a este, só aceita pagar salário para brancos europeus (ainda se excluía o árabe e o amarelo). Os principais imigrantes foram: 

•Alemães da Prússia (acreditavam ser de uma raça superiora) 

•Russos 

•Suíços 

•Italianos (foram a maioria) e vieram do Sul da Itália => a parte mais atrasada que estava sofrendo a guerra de unificação 

    Então, para realizar a imigração europeia, vai usar os mesmos métodos que os EUA usaram, mas vai dar uma "mudada": 

» Nos EUA: o americano não acredita em escravidão e defende a forma assalariada (capitalista), vai trazer ingleses (o americano vai financiar a viagem dele e o tratado é em inglês - os dois entendem o que assinam) em dificuldade para trabalhar em sua terra. Uma parte é do inglês e tudo o que ele fizer nessa terra (é uma pequena propriedade)  pertence a ele (o dinheiro servirá para pagar a dívida e fazer poupança), a outra parte pertence ao americano e ele tem que trabalhar (tudo que for produzido aí é do americano) lá até pagar a dívida da viagem. Em 5 anos, o inglês consegue pagar e pode fazer o que quiser => continuar trabalhando de forma assalariada ou comprar uma nova terra. Esse projeto tem o nome de Servidão Temporária, porque enquanto trabalha para pagar a dívida, não pode sair da terra. Esse projeto foi um sucesso. 

» No Brasil: a propriedade vai ser um latifúndio e o brasileiro não acredita em trabalho assalariado, ele é escravocrata. O tratado é escrito em português e o imigrante assina sem saber o que estava no acordo. O brasileiro mostra a terra e fala que tudo que for produzido ali é dele e mostra a pior parte da terra e diz que essa pertence ao imigrante e é nela que vai ter de ganhar dinheiro para pagar a dívida da viagem. Mas, como o imigrante não tem ferramentas de trabalho, vai ter que comprar no armazém da fazenda e assim aumenta a dívida, pode comprar comida também, mas isso aumenta ainda mais a dívida. Mas no final da colheita ele vê que não consegue pagar a dívida e o brasileiro diz que ele pode pagar na próxima colheita, mas com juros altíssimos. Depois de alguns anos, ele não consegue pagar a dívida e resolve fugir, mas o jagunço não deixa e o imigrante é preso e transformado em escravo. 

    Os cafeicultores brasileiros, quando apelam à imigração, eles apelam não porque deixaram de acreditar no trabalho escravo, mas porque o tráfico negreiro acabou, então eles tem dificuldade de arranjar trabalhadores que se encaixem nesse sistema. Primeiro, apelou-se à escravidão, agora apela-se à escravidão do imigrante. Nos EUA deu certo porque os proprietários do Norte e do Sul não acreditam na escravidão, defendem o trabalho assalariado que é muito mais produtivo e lucrativo. 

    À medida que a escravidão fica aparente, esses imigrantes vão ser libertos para a grande vergonha do Brasil que vai ser criticada, pela Europa e EUA, pelas suas atitudes. Com isso, volta a haver o problema da mão-de-obra => não há trabalhadores em número suficiente para a cafeicultura. Antes, quem patrocinava a vinda do imigrante era o cafeicultor, mas depois, quem vai subvencionar (pagar) será o governo, mas não vai dar certo porque todos sabiam que se viesse para o Brasil, correria um grande risco de ser escravizado. 

    Quando chega nesse ponto (não chega mais ninguém no Brasil), o cafeicultor do Oeste Paulista toma uma posição abolicionista => somente no momento em que vê que não há como se trazer mais pessoas para serem escravizadas e que se não acontecesse a abolição, não viria mais nenhum imigrante, então ele também não queria que o escravo fosse liberto, é apenas uma questão de interesse material. 

    Então, a abolição ganha importância porque quem está querendo ele são pessoas importantes, com dinheiro e influência política. Antes desse fato acontecer, o movimento abolicionista ficava restrito aos grupos das camadas médias urbanas (professores, médicos, comerciantes). 

    Mas, no processo de abolição também tem que ficar claro que muitos outros aristocratas (do algodão, da cana-de-açúcar, do mate, do cacau, do charque, etc.) são contra a abolição, pois estes possuíam uma grande quantidade de escravos e podem se sustentar muitos anos sem precisar pagar salário a ninguém. Os únicos que saíram prejudicados foram os cafeicultores do oeste paulista que ficaram sem escravos e sem imigrantes. 

    A abolição vai ser negociada entre os escravocratas, portanto, não se deu de forma revolucionária. Os escravos tomam, dessa forma, uma atitude passiva na abolição (independe deles). A escravidão vai se acabando aos poucos, em "doses homeopáticas". Desse modo, toda a economia brasileira vai conseguir assimilar o impacto da liberdade de um indivíduo atrás do outro e não todos de uma só vez. Primeiro vão ser libertas as crianças, depois os velhos e, por último, o resto. Vai ser diferente dos EUA, onde Lincoln de uma hora para outra acabou com a escravidão e causou uma série de problemas. 

Existem três grupos abolicionistas no Brasil: 

» Abolicionistas: esse é o grupo mais justo, mais digno. Eles queriam libertar o escravo e integrá-lo no mercado de trabalho. É necessário que ele tenha um trabalho para sobreviver, mas não havia na época disposição na sociedade de empregar esse negro. Portanto, o abolicionista "abolicionista" quer uma lei que liberte o escravo e dê direitos a esse escravo de trabalho. 

» Emancipacionistas: o abolicionista "emancipacionista" ele quer apenas a liberdade do escravo para poder trazer os imigrantes. Ele não aceita a existência do negro liberto em sua fazenda, ele é racista. "Problema é do escravo que foi liberto, ele é que se vire para sobreviver". Então, a tendência é que se esse grupo for o vitorioso, o negro vai ser jogado na marginalidade, ocupar o último lugar da sociedade. 

» Caifazes: são pessoas jovens e idealistas que, diante da inoperância do império em relação à escravidão, vão pôr máscaras e de noite vão invadir as fazendas, matar os peões e libertar os negros à força. Mas isso de nada adianta, pois esse negro vai passar a ser um fugitivo e vai ser perseguido, sem saber para onde ir. Não é uma boa solução para o problema. 

    Podemos dizer que o melhor de todos é o abolicionista, que é o único a se preocupar com a condição humana do negro e poder dar a este boas condições de vida. Mas quem acaba ganhando são os emancipacionistas => o negro vai ser liberto e "chutado" para a escória da sociedade. 

    Depois do episódio da abolição, virão os brancos europeus que serão empregados, depois vêm os árabes (também vão ser empregados), depois os amarelos, depois são empregados os mulatos, os latino-americanos e só por último, se sobrar algum emprego, este irá para o negro. 

    A prova de que a escravidão foi feita aos poucos começa com a Lei Eusébio de Queirós (1850), só depois de 21 anos é que vai ser feita outra lei. Quando acabou o tráfico em 1850, estava claro que a escravidão acabaria, se nenhuma outra lei acontecesse, os escravos acabariam morrendo e acabando. E o Imperador, sabendo que a escravidão acabaria e que era necessário aumentar o número de trabalhadores para a cafeicultura, deveria ter feito a abolição, mas ele não a fez e defende a escravidão e quando esta acabar o maior derrotado vai ser o imperador (por incapacidade) 

    Em 1871, o brasileiro assina a Lei do Ventre Livre. No exterior, foi dada a imagem de que todos que nascessem a partir daquela data seriam libertos, mas não foi bem isso o que aconteceu. Ao invés de soltar o negro que tinha acabado de nascer, o cafeicultor vai vendê-lo para o governo (indenização) e o preço é dado pelo próprio dono do escravo. Mas o cafeicultor não era obrigado a "libertar" os escravos, poderia cuidar da criança dos 0 aos 7 anos e, em troca, ela teria de trabalhar na fazenda dos 7 aos 21 anos de graça (pagamento da criação que recebeu). Isso acontecia com o homem, já com a mulher, não era vantagem criá-la até os 14 anos para depois dar início à reprodução, pois o fim da escravidão está próximo. Então, elas serão vendidas para o governo e este vai dá-las às samaritanas que iriam cuidar das meninas, mas o que acontecia era que as samaritanas cuidavam delas e quando possuíssem corpos bem formados seriam levadas aos portos para serem prostitutas dos estrangeiros (curiosos com a diferença). 

Em 1885, vai ser criada a Lei do Sexagenário. A partir dessa data, todos os negros acima dos 60 anos estão automaticamente libertos. Já era difícil um escravo chegar nessa idade e quando chegava, já estava cheio de problemas e dava mais prejuízo (tinham catarata, precisavam de comida, roupas, remédios e ainda ocupavam um espaço) ao cafeicultor do que lucros. Mas, ao invés do escravo ser liberto, é mais correto dizer que o fazendeiro se livrou do escravo velho. Então, o velho acaba sendo posto, à força, para fora da fazenda e quando saía, não durava muito tempo e morria de fome, até mesmo no caminho até a cidade. 

Em 1888, o imperador já está velho, cansado e doente e quem passa a governar o Brasil é a princesa Isabel. Aí, por pressão dos abolicionistas ela acaba assinando uma lei que liberta os escravos: a Lei Áurea. É uma lei bem simples, com apenas dois artigos: 

Art. 1 - É declarada extinta a escravidão no Brasil. 

Art. 2 - Revogam-se as disposições em contrário. 

Não houve nenhuma garantia ao negro da continuidade do trabalho e vai acabar ocupando a última parte da sociedade. Além disso, é interessante como foi feita a abolição - o imperador ficou anos negando a abolição e, de repente, vem a filha e declara a abolição sem a confirmação do pai (o único que ainda defendia a escravidão). 

Quando acontece isso (imperador decadente), cafeicultores, exército, igreja, camadas médias, sentem que já está na hora de abandonar este imperador. Nessa época, parece que o Império concluiu todo o seu ciclo de vida => nasceu, cresceu, se desenvolveu, atingiu o ápice (1850/60) e começou a ter o declínio até a sua morte em 1889 => tanto que a proclamação da República não se deu de forma revolucionária.