Resumo sobre a Economia no II Império

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Resumo sobre a Economia no II Império

O café vem para o Brasil à medida que o Haiti parou de produzir o café (1811), o Brasil começou a produzir da pequena escala e, com o tempo, atingiu uma grande escala. O início da cafeicultura está no Vale do Paraíba (RJ). Essa cafeicultura é realizada de uma forma desorganizada, o cafeicultor usa o trabalho escravo em grande quantidade e o café é plantado dentro da Mata Atlântica (no meio das outras árvores). Foi possível cultivar o café porque não havia concorrentes, se houvesse, o café não teria dado certo. 

O café tinha preço bom e um mercado consumidor garantido, isso porque não tinha concorrentes (o Haiti parou de produzi-lo). Qualquer outro país que tentasse produzir café, seria melhor que o Brasil, pois este usou mão-de-obra escrava que é improdutiva e está cultivando o café dentro da Mata Atlântica de forma desorganizada. Como a produção ainda é pequena e a procura é grande, então o café acaba tendo um preço muito bom (1 saco de café de 60 Kg = 125 moedas de ouro). 

É necessário um pequeno investimento inicial: é plantado na Mata Atlântica e o café é uma árvore perene (não precisa ficar arrancando e plantando de novo), chegando a durar cerca de 21 anos de vida. 

Já havia no Brasil uma infraestrutura pronta: portos (usados para exportar açúcar e receber importados), já havia as estradas no Sudeste feitas durante o Ciclo do Ouro, etc.. Não vai ser necessário criar nada, apenas usar o que já existe. 

O cafeicultor vai ser diferente de todos os outros grandes proprietários: 

1.º) Ele não quer morar na fazenda, e sim, na cidade => vão ser construídas grandes mansões (Ex.: na Avenida Paulista em São Paulo). 

2.º) Ele vai ser o primeiro grande proprietário que vai diversificar suas atividades econômicas: do lucro do café, ele tira um pedaço desse lucro e investe na indústria (ele faz isso porque já aprendeu que todos que se dedicaram a um único produto, como os produtores de açúcar, quando esse produto entrava em decadência, o dono falia junto; já o cafeicultor, mesmo se o café entrasse em crise, ele poderia se sustentar com as indústrias). A indústria vai ser uma atividade de menor importância. A indústria gerava um lucro e esse lucro era, de novo, investido no café, então, se por um lado, o café possibilitou a indústria no Brasil, também é verdade que o café foi o principal obstáculo para o crescimento da mesma que não recebia maiores investimentos. 

Surtos Industriais

O que vai haver no Brasil antes de 1930 serão apenas os chamados Surtos Industriais. O Surto tem começo, meio e fim; o dia que o agricultor quiser, ele fecha a indústria e continua vivendo do café. Como os donos das indústrias são os burgueses, então vamos dizer que os donos das indústrias no Brasil formam a burguesia-cafeeira. O parque industrial do Brasil está hoje, onde era plantado o café => no Sudeste. 

Toda vez que dizemos em surtos industriais é porque existe um fator que motiva a abertura das indústrias, o dia que esse fator desaparecer, a indústria some junto com ele. 

Em 1844, o imperador ainda tem 18 anos de idade e está acontecendo no Rio Grande do Sul a Guerra da Farroupilha, portanto, era uma época de crise e o café ainda não tinha levantado o Brasil. Aí, o ministro da economia, Alves Branco, deu a idéia de criar uma tarifa (Tarifa Alves Branco) para os produtos importados (e quem paga é quem compra, o brasileiro), mas ao invés de cobrar 1 ou 2%, cobrou-se de 30 a 60% do preço do produto (queria todo o dinheiro de uma só vez). Devido a essa grande taxa, o brasileiro vai acabar não comprando mais os importados. Isto é, a tarifa que tinha uma origem arrecadatória, vai acabar tendo um efeito protecionista (fechou o mercado para os importados), então dentro do país vamos ter um mercado consumidor com vontade de consumir e o cafeicultor, esperto, vai criar as indústrias e servir o mercado consumidor. O produto vai ter uma qualidade inferior ao do importado, mas com o preço antigo deste e é o produto brasileiro que vai ser comprado. 

O destaque nessa época do surto industrial é um homem chamado Irineu Evangelista de Souza, que vai ser chamado de Barão de Mauá => foi o 1.º empresário milionário que o Brasil teve. Ele abriu estradas de ferro (privada), criou um sistema de iluminação a gás no Rio de Janeiro, transporte coletivo (bondes), etc.. 

Mas esse surto industrial só vai durar enquanto houver a Tarifa Alves Branco, quando ela acabar, o mercado brasileiro volta a ficar aberto aos produtos estrangeiros e aí não é mais possível a concorrência. 

O próximo surto industrial acontece na Guerra do Paraguai (1870) e o dia que a guerra acaba, o surto também acaba. 

Portanto, tudo isso que aconteceu não foi industrialização => o Estado não abriu estradas, não fez uma política protecionista, não desenvolveu a indústria. Mais uma vez o imperador vê as coisas acontecerem e não toma nenhuma atitude. 

Enquanto isso, havia a Inglaterra que tinha perdido o maior mercado consumidor da América Latina de uma hora para outra. Perdeu por causa do tratado assinado por D. Pedro II que anulava os antigos acordos de 1810 (Tratados de Comércio, Navegação, Aliança e Amizade assinados com a Inglaterra e que garantia a esta direitos de vender produtos ao Brasil com privilégios). A Inglaterra vai tentar convencer Pedro a acabar com a Tarifa, mas este, mais uma vez, diz não. 

Na impossibilidade de acabar com a Tarifa, a Inglaterra vai tentar "dar o troco", impedindo o tráfico de escravos feitos pelo Brasil através da Lei Bill Aberdeen (1845). O escravo era o "ponto fraco" do Brasil, porque o escravo está na África e dependemos deles para realizar a nossa economia. A lei dizia que se um navio brasileiro fosse apreendido, a mercadoria (escravos) seria confiscada e vendida no Caribe e a tripulação seria presa. A Inglaterra dá para Pedro assinar o tratado e ele assina. Quando a Inglaterra "vira de costas comemorando", o brasileiro continuo o tráfico e ainda em maior ritmo, pois havia o medo que o tráfico acabasse e junto dele a mão-de-obra. 

A Inglaterra descobre os navios ilegais e quer assinar outro tratado que dizia que se um navio brasileiro fosse encontrado traficando escravos, seria afundado. D. Pedro assina de novo e de novo o tráfico continua. Aí a Inglaterra tomou uma medida mais drástica: ela entrou com sua marinha na Baía da Guanabara e afundou todos os navios que traficavam escravos e ameaçou destruir o Rio de Janeiro se D. Pedro não assinasse um tratado que realmente acabasse com o comércio de escravos, então D. Pedro assina a Lei Eusébio de Queirós (1850) que acabava com o tráfico de escravos. 

O cafeicultor que usava uma grande quantidade de dinheiro no tráfico, vai acabar usando esse dinheiro para a indústria também => é um outro fator que auxilia o desenvolvimento do Surto Industrial. 

Socialização das Perdas

Comparação: 

Uma moeda brasileira correspondia a uma libra esterlina que correspondia a um saco de café (1$= 1£ = 1saco). O café está começando a ter estoques e, principalmente por causa do preço, o europeu mais pobre não podia comprá-lo, então uma solução seria a diminuição o preço do café, mas o cafeicultor não pode deixar de ganhar seu lucro. Então, decidem baixar o preço do produto no exterior: 1$ (moeda brasileira - réis) = 0,5£ (libra esterlina) = 1 saco de café (60 Kg), isto é, o cafeicultor vai conseguir vender mais e ganhar o mesmo tanto. 

Esse método recebeu o nome de socialização das perdas porque o povo não compra nem vende café, mas esse mesmo povo é obrigado a comprar um produto que vem com preço em libra esterlina. Ex.: se um produto custasse 1£, antes o brasileiro teria de pagar 1$ para tê-lo, mas depois da desvalorização cambial, ele vai ter que pagar 2$, então quem sai perdendo é o povo (socialização das perdas), que vai empobrecer ainda mais. 

Mas essa comparação foi feita com números reduzidos, pois na realidade seria: 1£ = 10$ e depois 1£ = 1000$, podendo chegar a 48000$. E se o preço do café subisse, a moeda brasileira continuava desvalorizada.